Corrupção no INSS revela falhas estruturais e abandono de denúncias internas

By Gerich Hameriret 5 Min Read

O escândalo da fraude no INSS evidencia uma grave falha institucional que se arrasta há anos, muito antes de ser divulgado publicamente. Desde o governo Michel Temer, servidores já alertavam sobre irregularidades, mas suas denúncias foram ignoradas ou abafadas. A corrupção no INSS, que agora está sendo investigada pela Polícia Federal, mostra que o problema não se trata apenas de ações isoladas, mas de um sistema com brechas que permitiram desvios milionários. Os relatos de funcionários punidos por denunciarem irregularidades mostram que o ambiente dentro do instituto favorece o silêncio, e não a integridade.

As primeiras denúncias envolvendo a corrupção no INSS surgiram em 2016, quando um servidor apontou repasses suspeitos de verbas públicas a uma associação de peritos médicos. O dinheiro, segundo ele, era transferido diretamente para uma entidade presidida pelo marido de uma diretora do próprio INSS. Mesmo após apresentar as provas, o denunciante foi afastado do cargo, e a diretora foi promovida a uma posição ainda mais estratégica. Esse episódio mostra como a corrupção no INSS não apenas se mantinha ativa, mas era reforçada por uma estrutura que premia os envolvidos e pune quem tenta combatê-la.

A falta de resposta da Polícia Federal diante de denúncias concretas feitas por servidores também evidencia o descaso institucional com a corrupção no INSS. O servidor que revelou as irregularidades teve seus e-mails apagados, perdeu o acesso a informações e foi deslocado para um setor marginalizado dentro do órgão. Ele afirmou que esse tipo de transferência era usada como punição para aqueles que não colaboravam com o sistema. Isso revela que a corrupção no INSS estava protegida por um escudo de impunidade e desvalorização do trabalho ético.

Em 2020, novas denúncias sobre a corrupção no INSS surgiram, desta vez envolvendo descontos ilegais nos benefícios de aposentados. A investigação da Polícia Civil do Distrito Federal, com apoio do Ministério Público, revelou que a Conafer, uma confederação que havia firmado acordo com o INSS, teve um salto gigantesco em arrecadação, passando de R$ 350 mil para R$ 57 milhões em um único ano. Esse crescimento foi possível por meio de descontos automáticos nos contracheques dos aposentados, que sequer tinham autorizado a filiação. Isso evidencia o quanto a corrupção no INSS é danosa principalmente para a população mais vulnerável.

A tentativa de barrar as investigações sobre a corrupção no INSS também passou pelo judiciário. Em 2020, um pedido de operação contra o então presidente do INSS, Leonardo Rolim, foi negado por um juiz de primeira instância. O processo foi enviado para instâncias superiores, e desde então não houve atualizações sobre o andamento. Enquanto isso, aposentados rurais continuaram a sofrer descontos indevidos, e os responsáveis pela corrupção no INSS seguiam sem punição. Esse tipo de morosidade contribui para a perpetuação dos crimes dentro do órgão.

Somente em abril de 2025, a corrupção no INSS ganhou os holofotes com a operação Sem Desconto, que levou à prisão de seis pessoas e à demissão do então presidente do órgão. O caso também provocou a saída do ministro da Previdência, Carlos Lupi. Mesmo assim, o governo federal ainda enfrenta o desafio de calcular os danos causados aos aposentados e organizar uma forma justa de reembolso. O impacto da corrupção no INSS é profundo e atinge milhões de brasileiros que dependem do benefício para sobreviver.

Mesmo após a operação, muitos aspectos da corrupção no INSS seguem sem esclarecimentos. As associações envolvidas negam os repasses irregulares, e a Polícia Federal não deu retorno sobre o andamento das antigas denúncias. O silêncio das autoridades e das entidades mostra como ainda existe resistência à transparência e à responsabilização. A falta de respostas só reforça a percepção de que a corrupção no INSS é parte de um problema crônico que exige medidas urgentes e estruturais para ser combatido de forma eficaz.

É fundamental que a sociedade pressione por reformas que evitem novos escândalos de corrupção no INSS. A criação de mecanismos de controle mais rígidos, o fortalecimento das ouvidorias internas e a proteção aos denunciantes devem ser prioridades. Além disso, é necessário que o sistema de repasses e descontos passe por uma auditoria completa e independente. Apenas com mudanças estruturais será possível recuperar a confiança no instituto e garantir que os beneficiários não sejam mais vítimas da corrupção no INSS.

Autor: Gerich Hameriret

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